MENSAGEM DO PASTOR: COM O SENHOR RESSUSCITADO SOMOS CHAMADOS À SANTIDADE COMO PEREGRINOS DA ESPERANÇA

Caros amigos e irmãos em Cristo Jesus, paz e bem a todos!

       Com alegria vivemos este tempo de graça em nossa vida de fé, o tempo da Páscoa do Senhor. Sempre a proposta evangélica é a vida do encontro com o Senhor que caminha ao nosso lado, se revela a nós pela Palavra e na Eucaristia, sobretudo. O quinto capítulo do Evangelho segundo Mateus, nos revela que o Senhor Jesus viu uma grande multidão reunida ao seu redor. Ele subiu a uma montanha com seus discípulos e os ensinou: “Vocês são o sal da terra… Vocês são a luz do mundo.” (Mt. 5:13-16) Essas belas metáforas foram inspiradoras e instrutivas sobre a vida cristã. Elas nos oferecem uma janela para o chamado universal à santidade. Ser santo é ser “o sal da terra” e “a luz do mundo”.

       A cena do Sermão da Montanha de Mateus nos ajuda a entender a santidade de Jesus. Com muitas obras de misericórdia, Jesus reuniu os discípulos ao seu redor e então os ensinou. A santidade só é encontrada por meio de Cristo. Sua misericórdia nos reúne. Sua mensagem do Evangelho nos une. Só encontramos santidade na comunhão com o Senhor Jesus e seu corpo místico, a Igreja. Somente em união com Cristo podemos ser como o Senhor nos chamou para ser: “o sal da terra” e “a luz do mundo”.

       Vamos começar um reavivamento da nossa vida pessoal e espiritual acolhendo Cristo Ressuscitado na jornada de nossas vidas. Ele pode pegar essa jornada nublada por calamidades e nos guiar no caminho da santidade. Com Jesus como nosso Bom Pastor e companheiro, cumpriremos seu chamado para sermos o sal da terra e a luz do mundo. A verdadeira santidade nos torna discípulos de Jesus e missionários de seu evangelho. Neste tempo de tantas incertezas, de desafios constantes, o Senhor Jesus está ansioso para que o recebamos em nossa jornada, assim como fizeram os discípulos na estrada para Emaús. (Lc 24,28-29) Quanto àqueles dois discípulos, a disposição de hospitalidade nos abre para a incrível misericórdia encontrada em Cristo e para as graças inesperadas descobertas ao acolher outros na peregrinação da fé.

       A igreja primitiva enfatizou a hospitalidade como uma dimensão essencial da santidade. São Paulo, relatando a controvérsia inicial sobre a inclusão dos gentios como parte da comunidade cristã, lembrou aos gálatas das instruções claras que ele havia recebido de Simão Pedro e dos apóstolos em Jerusalém: “Deveríamos estar atentos aos pobres, o que é exatamente o que eu estava ansioso para fazer.” (Gl 2,10) Na Carta aos Hebreus, o autor exortou a comunidade a praticar a hospitalidade: “Não negligenciem a hospitalidade, pois por ela alguns, sem saber, hospedaram anjos.” (Hb 13,2)

       A santidade por sua própria natureza é hospitaleira. Jesus convidou outros à santidade de uma forma pessoal. Aos discípulos de João, “Venham e vejam.” (João 1,35-39). A André e Simão ao longo das margens do Mar da Galileia, “Venham, sigam-me.” (Marcos 1,16-18). “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,” (Mateus 11,28) foi seu convite a todos cujos corações estavam aflitos. A santidade de Cristo atraiu os primeiros discípulos. A santidade do Senhor Jesus atraiu os doentes e os famintos para buscar cura e nutrição. Quando nos unimos mais intimamente a Cristo, seu espírito então nos torna seus mensageiros, seus missionários com a luz de sua misericórdia divina em nossos corações. Não é uma questão de se perguntar quando os outros retornarão, mas quando buscaremos ansiosamente trazê-los a Cristo? Eis porque nos tornamos peregrinos de esperança e testemunhas de esperança!

       Uma hospitalidade santa e sacramental imita o sacrifício sacerdotal de Jesus. Assim como Cristo aceitou obedientemente a cruz, acolhemos em santa obediência a vontade do Pai para nós. Uma hospitalidade santa e sacramental também se oferece aos outros como Cristo se ofereceu por nós. Somente sondando as profundezas do sacrifício amoroso de Cristo na cruz faremos o que ele fez. Depois de lavar os pés de seus discípulos, em um prelúdio ao sofrimento purificador da cruz, Jesus disse a seus discípulos: “Como eu fiz por vocês, vocês também devem fazer.” (João 13,15)

       Com o Senhor Jesus, estamos abertos à vontade do Pai e nos oferecemos aos outros. Essas duas dimensões sacramentais da hospitalidade nos levam a uma maior harmonia com o único sacrifício santo de Cristo. A hospitalidade se torna mais do que um gesto gracioso; ela se torna uma oportunidade de crescer na santidade de Cristo e comunicar sua santidade aos outros. Este é o sal e a luz aos quais o Senhor Jesus nos convoca do Sermão da Montanha. Eis o que nos motiva e move para sermos as testemunhas de Cristo, testemunhas de esperança.

       Com este desejo em nossos corações façamos neste tempo pascal a experiência de viver o nosso batismo: cumprir em nossa vida o Sermão da Montanha que é o viver cristão no mundo, testemunhas do Senhor, chamados a celebrar nossa fé juntamente com os irmãos de comunidade, de vida eclesial alicerçados também pelo testemunho de nosso padroeiro que iremos celebrar os 500 anos de seu nascimento.

Tenhamos todos um tempo pascal fortemente marcado pelo encontro com o Senhor. 

Com carinho.

Padre Carlos Marchesani, Pároco.