COMO PEREGRINOS DA ESPERANÇA NO CAMINHO DE CONVERSÃO

Caros amigos e paroquianos, ao iniciarmos nosso caminho quaresmal neste ano do Jubileu do Senhor, somos motivados pela Igreja nossa Mãe e Mestra a perguntar a nós mesmos: Como o Senhor está me chamando para crescer nesta Quaresma?
A Quaresma é um tempo em que nós católicos de todas as idades somos convidados a refletir sobre a vida e a morte de Cristo por meio da oração, do jejum e da esmola. Seja lendo as Escrituras todos os dias, jejuando dos prazeres mundanos ou doando seu tempo para os necessitados, vamos passar esses 40 dias da Quaresma para configurar nossos corações a Cristo e Seu Mistério Pascal.
“A Quaresma nos estimula a deixar que a Palavra de Deus penetre em nossa vida e, assim, conhecer a verdade fundamental: quem somos, de onde viemos, para onde devemos ir, que caminho devemos tomar na vida.” Papa Bento XVI
Como católicos, somos chamados a retornar a Deus, nosso Pai, e crescer em relacionamento com Ele por meio do ato da oração. A oração não deve ser assustadora ou intimidadora, mas sim um ponto de entrada para um lindo relacionamento com Cristo. Santa Teresa de Lisieux escreveu uma vez: “Para mim, a oração é uma onda do coração; é um simples olhar voltado para o céu, é um grito de reconhecimento e de amor, abraçando tanto a provação quanto a alegria.” Durante esta temporada da Quaresma, somos convidados a entrar em um tempo de oração, permitindo que nosso olhar se volte para o céu e nosso coração seja renovado pelo Senhor.
Como sabemos, a Quarta-feira de Cinzas, a Sexta-feira Santa e as sextas-feiras durante a Quaresma são dias obrigatórios de jejum e abstinência. Além desses dias específicos, os católicos maiores de idade também são convidados a jejuar de comida ou prazeres mundanos para aprofundar sua fome e desejo por Cristo. O jejum e a abstinência durante a Quaresma dão a nós uma oportunidade de entrar em um modo de vida mais simples e intencional.
Abstinência significa abster-se de comer carne como um ato de penitência. Santo Agostinho diz sobre a abstinência que ela “purifica a alma, eleva a mente, subordina a carne ao espírito, gera um coração humilde e contrito, dispersa as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da castidade.”
“O chamado fundamental dos cristãos à caridade é um tema frequente dos Evangelhos. Durante a Quaresma, somos convidados a nos concentrar mais intensamente na “esmola”, que significa doar dinheiro ou bens aos pobres e realizar outros atos de caridade. Como um dos três pilares da prática quaresmal, a esmola é “um testemunho da caridade fraterna” e “uma obra de justiça agradável a Deus”. (Catecismo da Igreja Católica, n.º 2462). Como você está sendo chamado a doar-se ao seu querido próximo em atos de caridade?
A Quaresma não é apenas um tempo para consertar o que você falhou em manter. Pode ser um tempo para reformar, revisar e revitalizar. A oração, o jejum, a abstinência, a esmola e os sacrifícios privados e pessoais podem ajudar você a ver melhor não apenas quem você é, mas quem você pode ser. E pode lhe dar a coragem para avançar mais séria e confiantemente em direção a isso.
Somos chamados não apenas a nos abster de luxos durante a Quaresma, mas a uma verdadeira conversão interior do coração, à medida que buscamos seguir a vontade de Cristo com mais fidelidade. Lembramos as águas do batismo nas quais também fomos batizados na morte de Cristo, morremos para o pecado e o mal e começamos uma nova vida em Cristo.
Assim, também nós neste tempo de conversão do nosso coração somos chamados a perceber melhor ao nosso redor os fortes apelos do Senhor em relação ao nosso compromisso social. Não é possível haver verdadeira conversão sem transformação de vida em relação ao próximo.
Por isso as três atitudes que somos chamados a cumprir não se aplicam somente ao tempo quaresmal, mas por toda a nossa vida, mudando o nosso foco para uma profunda experiência de mudança de vida que nos leve a viver a prática do mandamento do Senhor. O amor exige de nós uma atitude nova a cada instante. Se a minha oração não me conduzir a Deus e a perceber que o outro também reflete Deus, se minha esmola não me leva a desapegar-me das minhas seguranças em favor do outro, se o meu jejum não quebra em mim minha autossuficiência em favor do outro, então onde está o mandamento-ordem de Jesus Cristo em minha vida?
Como peregrinos de esperança somos todos convidados à um olhar mais atento aos apelos de Deus pelos sinais dos tempos para que possamos convertendo o nosso coração, defender a vida e a dignidade de cada ser humano criado à imagem e semelhança de Deus.
Então o nosso coração vibrará de tal forma que haveremos de celebrar o Tríduo Pascal com a certeza da vitória do Senhor sobre o pecado, o egoísmo, a indiferença, a intolerância, a violência e todas as formas de morte que experimentamos. Paz e bem a todos!
Padre Carlos Marchesani, Pároco