MENSAGEM DO PASTOR: A ESPIRITUALIDADE DAS FESTAS JUNINAS

           Caros irmãos e irmãs, estamos vivendo um mês muito particular em nossa vida cristã. O mês das festas em honra aos santos dentro da piedade popular, tão cara em nosso meio católico brasileiro. O Documento de Aparecida, fruto da Vª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, apresenta a piedade popular como sendo um local de encontro com a pessoa de Jesus Cristo (DA 258-265). As festas juninas são um retrato da religiosidade popular que expressam a alegria de sentir-se parte de um povo que deseja e busca a Deus com um fervor espiritual que se faz notar na simplicidade, beleza, amor e devoção das comemorações dos santos mais populares do calendário junino, a saber, Santo Antônio (13/06), São João Batista (24 /06) e São Pedro (29/06).

           Ao celebrarmos os santos populares em meio ao nosso povo, nós podemos com certeza fazer um encontro com a pessoa de Jesus Cristo, pois ao celebrarmos a santidade dos filhos da Igreja nós celebramos o poder de Deus que é santo e que revela a sua santidade em nossa humidade.

           Quando olhamos para a figura belíssima de Santo Antônio vemos a grandeza da pregação da Palavra de Deus. Este taumaturgo português que viveu toda a espiritualidade franciscana e testemunhou a força do Espírito Santo com sua fé inabalável em Jesus Cristo e em seus milagres que apontam para a essência da vida cristã, ou seja, a fidelidade ao Senhor. Alguns pensamentos de Santo Antônio que podem nos ajudar também em nossa espiritualidade: “O amor aos irmãos constitui verdadeiramente o ingresso para a ceia da vida eterna.” “É viva a palavra quando são as obras quem falam.”

           Já a figura belíssima de São João Batista ressalta a espiritualidade da obediência à Palavra de Deus, o anúncio corajoso da verdade evangélica, a denúncia da mentira e da idolatria do mundo, a certeza da presença de Jesus Cristo em nosso meio e nos acontecimentos de nossa vida. São João Batista nos convida à nos tornarmos pequenos para que o Senhor reine e seja o motivo de nossa vida e busca. É ele quem exultou de alegria no seio de sua mãe por ocasião da visita de Maria à sua mãe. É ele quem aponta para o Cordeiro que tira o pecado do mundo. É ele quem denuncia a prepotência humana. É ele quem dá a vida pela verdade que é Cristo. Assim, celebrar São João Batista é desejar viver a retidão de vida no seguimento de Jesus Cristo que nos convida a renunciar a nós mesmos para segui-Lo com alegria e radicalidade.

           E, finalmente, ao celebrarmos São Pedro é celebrar a experiência da transformação de vida, de uma debilidade humana para uma coragem de dar a vida pelo Senhor. É celebrar o amor de Pedro pelo Senhor que se revela na comunidade. È viver a escuta da Palavra para sempre avançar para águas mais profundas. É ter a coragem de olhar para o Senhor que é o único quem pode vencer o nosso pecado e nos ajudar em nosso caminho de conversão. É perceber que a cruz embora possa escandalizar se torna a via segura de salvação. É tornar discípulo testemunha. São Pedro nos ajuda a amar a Igreja. Nos ensina a amar a Cristo: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo” (Jo 21, 15-19). Celebrar São Pedro é celebrar a unidade da Igreja.

           Que as festividades juninas possam motivar nossa relação profunda com os sentimentos nobres de nosso povo e fortaleça o nosso senso de pertença à Igreja e que olhando o exemplo destes santos possamos viver a nossa santidade batismal com verdadeira busca de radicalidade ao Senhor, pois santidade exige radicalidade evangélica. Ao olharmos para estes modelos vemos isto com muita clareza.

           O poder do Evangelho transforma a vida e a história de todos que permitem esta mudança na vida. Que estes nossos amigos no céu possam interceder por nós para uma verdadeira mística de encontro com Cristo e com nossos irmãos.

Santo Antônio de Pádua, rogai por nós!

São João Batista, rogai por nós!

São Pedro, rogai por nós! Paz e bênção a todos.

Padre Carlos Marchesani, Pároco